O projeto do Bus Rapid Transit (BRT) da prefeitura de Belém, com capacidade para beneficiar apenas 600 mil pessoas da capital paraense poderá inviabilizar a segunda etapa do programa Ação Metrópole, projetado pelo governo paraense e Universidade Federal do Pará em parceria com a Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica) para beneficiar a capital e mais cinco municípios da região metropolitana – Ananindeua, Marituba, Benevides, Santa Bárbara e Santa Isabel.
O programa prevê, entre outras obras, a implantação do BRT, porém de forma mais abrangente, incluindo a rodovia BR-316 e outras vias de grande fluxo de veículos de Belém. Já o projeto apresentado pela gestão municipal, além de não prever a integração com o Ação Metrópole, tem proposta de se estender apenas na rodovia Augusto Montenegro e avenida Almirante Barroso, até São Brás.
Os engenheiros de tráfego que atuaram no projeto Ação Metrópole temem que a Jica desista do financiamento da segunda etapa do projeto, cujo empréstimo já foi autorizado pela Assembleia Legislativa em outubro deste ano. O coordenador do Ação Metrópole, o arquiteto César Meira, afirma que o financiamento da entidade internacional está assegurado. No entanto, ele admite que o BRT do prefeito Duciomar Costa está se sobrepondo ao projeto maior do Estado, portanto, é extremamente prejudicial ao desenvolvimento da segunda etapa do Ação Metrópole. “Essa proposta apresentada pelo município é uma precipitação. Essas ações precisam ser integradas”, acentua Meira.
Da mesma forma, a engenheira de Trânsito e professora da UFPA Patrícia Neves, que ajudou a formatar o Ação Metrópole, juntamente com técnicos da instituição, lamenta a desintegração do BRT municipal ao projeto do Estado. Ela afirma que conhece a fundo o programa do Estado, cuja primeira etapa foi desenvolvida pelo governo Ana Júlia Carepa com a ampliação da rodovia Independência até a avenida Júlio César, integrada em 2010 por viadutos e se tornando alternativa de tráfego entre Belém e Ananindeua.
A engenheira ressalta que teve acesso apenas à descrição do projeto municipal, mas sabe que, ao contrário do Ação Metrópole, não houve apresentação à sociedade, através de audiências públicas, o que se configura uma falha grande da proposta da gestão Duciomar Costa.
Patrícia Neves enfatiza que o projeto executivo ainda nem existe, pois a empresa vencedora da licitação é quem vai elaborar a proposta final. Mas ela assegura que apenas contemplando uma parte das necessidades, o BRT do município não atende à expectativa de melhoria do tráfego de veículos, visando ao futuro da capital e arredores. “Para ser uma solução viável esse projeto precisa ser integrado ao Ação Metrópole”, afirma a engenheira de tráfego.
Fonte: Diário do Pará.
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